Marcos Rojo
1. Como enxerga a prática física do Yoga (benefícios e problemas abordando especificamente o CORPO)? Existe uma maneira de falar disso sem pensar no “pacote completo”do Yoga?
R: Não é possível pensar apenas em corpo quando se fala em Yoga, assim como também não é possível se falar em mente, sem levar em consideração o corpo. Temos que levar em consideração o pacote completo: corpo, mente e alma. Yoga não é para o corpo, é através do corpo. Yoga não é para a mente é além da mente. Yoga é integração, como podemos falar de yoga dividindo o “ser” humano.
2. Existe uma evolução na prática de asanas? Ou eles se adaptam ao homem de hoje exatamente como se adaptavam ao indiano de 3 mil anos atrás?
R: Existe uma evolução na prática de asanas, justamente por se adaptar ao homem de acordo com o momento e suas necessidades. Asana é uma forma de se trabalhar com o corpo, é um conceito, é uma atitude, não é um desenho ou uma posição. Asana é “como” você faz e não “o que” você faz. Os textos mais antigos do Hatha Yoga, praticamente descrevem posturas de meditação. Os mais recentes já apresentam diversas posturas, percebendo as necessidade do homem para se manter sentado por um longo tempo, para poder fazer pranayamas e meditação.
3. De um modo geral, o que você pode contar sobre o corpo dos alunos que praticam as modalidades de Yoga mais populares da nossa época (que são mais exigentes, como Ashtanga e Iyengar)? Quais as características, as “marcas” que essas práticas deixam no corpo do praticante?
R: Algumas modalidades mais dinâmicas ou exigentes (fisicamente) em Yoga definem bem o corpo, cuidam da aquisição de habilidades e capacidades físicas, mas oferecem riscos. Muitos praticantes tem machucado seus joelhos e coluna por tentarem fazer coisas que o corpo ainda não está preparado. Assim também foi com a ginástica aeróbica, por exemplo, logo depois de sua criação, lançaram a ginástica aeróbica de baixo impacto, pois estava machucando o joelho de muita gente. O grande desafio no Yoga não é com o corpo, mas com a mente.
OS maiores cuidados com a prática mais forte, em termos de exigência física, deve ser com joelhos e coluna.
4. Como o praticante de Yoga pode continuar sua prática para ganhar seus benefícios físicos, mentais e espirituais sem lesionar articulações, coluna etc? E como o treinamento funcional age nesse contexto?
R: É só seguir o conselho do grande sábio do Yoga, Patanjali. O Asana deve ser estável e confortável. É firme e ao mesmo tempo agradável. Não violência é o primeiro passo no Yoga. A superação de limites é importante para outras disciplinas de trabalho com o corpo. Qualquer tipo de treinamento, quando bem feito, vai ajudar o praticante de Yoga e vice-versa. Apenas tenha o cuidado de quando estiver fazendo yoga, faça yoga e quando estiver fazendo ginástica, faça ginástica.
5. Por que muitas pessoas com tendência à hipermobilidade são justamente as que se apaixonam por Yoga? E como essa tendência do corpo pode ser prejudicial ao se praticar Yoga?
R: Pessoas com hiper mobilidade tem facilidade nos asanas, pois a maioria dos asanas trabalham com alongamento. Por outro lado, bem os que mais precisam não gostam muito no início. Desta forma, costumo dizer que temos que ser motivados à prática dos asanas pelo prazer e pela necessidade. É importante fazer o que se gosta e é importante fazer o que se precisa. A hiper mobilidade pode levar o praticante de exercícios de alongamento, muito próximo do limite de sua articulação o que numa situação mais extrema é um risco. Para estes que tem hiper mobilidade é recomendável trabalhar com fortalecimento e um pouco de musculação.